Desemprego supera a barreira dos 10% no trimestre, afirmam analistas

Data da postagem: 20/04/2016

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O aprofundamento da recessão levou a taxa de desemprego a cruzar a barreira dos dois dígitos no trimestre encerrado em fevereiro, passando de 9,5% a 10,2%, de acordo com a média de 15 projeções de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data.

As estimativas para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), variam entre 9,9% e 10,5%.

A semana pode contar ainda com a divulgação de outro indicador importante do mercado de trabalho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referente a março, para o qual se espera novo saldo negativo de vagas com carteira, o 12º, dessa vez de 103,2 mil, conforme a média de 12 projeções.

A taxa de desocupação medida pela Pnad Contínua – que passa a substituir a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) como indicador oficial – deve abrir 2,8 pontos percentuais de distância em relação ao nível atingido em fevereiro do ano passado, 7,4%, a maior registrada até então pela série.

O aumento do desemprego será pressionado tanto pelo incremento das demissões quanto por uma maior procura por trabalho. A LCA Consultores estima que a ocupação recue 1,4% em relação ao mesmo período de 2015, resultado pior do que o observado no mês de janeiro, 1,1%. A força de trabalho, por sua vez, deve crescer 2%, na mesma comparação.

A taxa de desemprego pode avançar para um nível inferior aos 10,5% estimados, Bruno Campos, economista da LCA, caso o movimento de avanço do desalento observado em janeiro se repita no mês seguinte, sinalizando uma tendência. “Os níveis de ocupação e renda eram compatíveis com uma aceleração maior da força de trabalho do que o observado na última divulgação [1,8%] “, afirma Campos.

A composição da taxa projetada pela Tendências Consultoria é semelhante, com queda de 1,4% da população ocupada e avanço de 1,8% da força de trabalho. A consultoria, segundo o economista Thiago Xavier, estima que a taxa suba para 10,3%.

A combinação, ainda segundo os cálculos da LCA Consultores, deve levar a massa de rendimentos a encolher expressivos 3,1% nos três meses até fevereiro, na comparação com igual intervalo do ano passado, contra uma queda de 2,4% no período imediatamente anterior, na mesma comparação.

O ritmo intenso de deterioração do emprego também aparece nas estimativas da consultoria para o Caged referente a março. O corte de 88,5 mil vagas conta com uma redução expressiva de postos na indústria – 33 mil, contra perda de 14 mil empregos em março do ano passado – e na construção – 20 mil, nível de perda semelhante ao apurado no mesmo intervalo do ano passado (-18 mil).

“Mas os maiores vilões serão os segmentos de comércio e serviços, com saldo negativo de 27 mil vagas “, acrescenta Campos.

Diante da retração do rendimento domiciliar, esses setores tendem a desacelerar mais neste ano e a pressionar os números do mercado formal. A média de sete projeções para o Caged fechado já aponta resultado muito próximo ao de 2015, com perda de 1,4 milhão de empregos.

Para o banco Itaú Unibanco, o corte estimado de 95 mil postos em março manteria o ritmo de destruição de vagas formais observado na série dessazonalizada no compasso de fevereiro, um saldo negativo de 128 mil.

Fonte: Valor Econômico

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