Em uma década, emprego se abre aos mais jovens

Data da postagem: 31/10/2013

 

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Com mercado aquecido, empresas fazem menos exigências; brasileiros também adiam procura de vaga, para estudar.

Embora ainda seja mais difícil para os jovens encontrar uma vaga, principalmente quando são inexperientes, a taxa de desemprego da faixa de 16 a 24 anos recua ano a ano e de modo intenso.

Em 2003, por exemplo, era de 25%. Em 2012, ficou em 13,3%. Uma queda de mais de dez pontos percentuais.

Ainda assim, o desemprego dos mais jovens supera o da média dos brasileiros.

Neste ano (janeiro a setembro), o índice dos mais jovens ficou em 14,3%, enquanto a taxa média foi 5,6%.

Mas esse diferencial entre a média e a taxa dos mais jovens se estreitou. Era de 13 pontos em 2003. Passou para 7,8 pontos em 2012.

Neste ano, no qual a geração de vagas desacelerou, a distância subiu um pouco e ficou em 8,7 pontos. Segundo dados do IBGE compilados pela reportagem, a diferença tende a crescer –ou seja, a dificuldade relativa dos jovens fica mais evidente– em anos de crise, como 2009.

MAIS ESTUDO

Para Cimar Azeredo, coordenador do IBGE, dois movimentos ocorreram simultaneamente: empresas empregaram mais jovens ao mesmo tempo em que eles também adiaram o primeiro emprego.

Com a economia aquecida nos últimos anos, as empresas tiveram de recrutar a mão de obra que estava mais disponível e a um custo menor –ou seja, principalmente jovens e mulheres.

Paralelamente, diz o pesquisador, o aumento do rendimento das famílias permitiu que jovens estudassem mais e postergassem a procura pelo primeiro emprego ou o retorno ao mercado.

“O mercado de trabalho se abriu para os mais jovens, mas, ao menos tempo, uma parcela também migrou para a inatividade. Esse grupo aproveitou para estudar, se qualificar e procurar um emprego numa situação melhor”, afirma.

Segundo Azeredo, o menor diferencial entre a taxa média de desemprego e a do grupo de 16 a 24 anos mostra um mercado de trabalho mais disposto a contratar pessoas nessa faixa etária.

Para Gabriel Ulyssea, pesquisador do Ipea especializado em emprego e renda, o crescimento mais elevado da economia na década passada levou a uma “mudança de composição” da força de trabalho, que se tornou mais escolarizada.

Márcio Salvato, economista do Ibmec, diz que a maior escolaridade alterou o mercado de trabalho e gerou ganhos para a economia como um todo. É que ingressaram na força de trabalho jovens com mais anos de estudo e, por isso, mais produtivos.

Esse grupo, diz, beneficiou-se do avanço da educação do país e da quase universalização do acesso à escola básica conquistada no fim dos anos 90.

TEMPO DE PROCURA

Segundo Azeredo, os jovens procuram trabalho por um tempo mais longo e, assim, podem se dedicar mais ao estudo e recusar ofertas de trabalho até que encontre um emprego que se encaixe mais ao seu perfil.

“Eles não são arrimos de família. Na maioria dos casos, outras pessoas não dependem da sua renda. Isso permite uma maior seletividade na busca por um emprego.”

MULHERES

Azeredo diz que, além dos jovens, as mulheres (que possuem um nível de escolaridade maior) também foram favorecidas pela melhora da economia e do emprego.

Um exemplo, afirma, vem das empregadas domésticas, contingente de trabalhadoras que caiu nos últimos anos. Só nos últimos 12 meses, a queda foi de 10,6%.

Muitas delas foram absorvidas pelo setor de serviços, um dos mais dinâmicos nos anos recentes, e passaram a ganhar mais.

“O mercado de trabalho se abriu para os mais jovens, mas uma parcela também migrou para a inatividade. Esse grupo aproveitou para estudar, se qualificar e procurar um emprego numa situação melhor.”

 

 

Cimar Azeredo

Coordenador do IBGE

Fonte: Folha de S. Paulo

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