Geraldo Alckmin é reeleito em São Paulo

Data da postagem: 6/10/2014
Vitor Sorano

Vitor Sorano

Mesmo vivendo a pior crise hídrica em décadas e o aumento de índices de violência, tucano fica mais quatro anos no governo.

Geraldo Alckmin (PSDB) foi reeleito para o governo de São Paulo e continuará no Palácio dos Bandeirantes. Com 100% das urnas apuradas, o candidato do PSDB venceu a disputa com 57,31% dos votos.

A vitória dá ao atual governador mais quatro anos a frente do governo do maior Estado do País, confirmando mais uma vez a supremacia que o PSDB tem entre os eleitores paulistas há duas décadas. Com isso, o partido conquistará o seu sexto mandato seguido no comando de um colégio eleitoral com 32 milhões de votos.

A grande surpresa ficou por conta do crescimento de Alexandre Padilha (PT) na reta final. O candidato teve 18,22% dos votos, enquanto Paulo Skaf (PMDB), conseguiu 21,53%.

Principal adversário de Alckmin durante a campanha, Paulo Skaf foi pior do que as pesquisas apontavam. O candidato do PMDB se recusou durante toda a campanha a declarar apoio à reeleição de Dilma Rousseff, apesar de seu partido fazer parte da base aliada da presidente e ocupar o posto de vice na chapa petista à reeleição, com Michel Temer.

A postura de Skaf chegou a colocar o candidato em atrito com Michel Temer, mas o candidato se mostrou relutante. Esse comportamento pode ter ajudado a enfraquecer sua candidatura ao governo do Estado.

Já o maior rival do PSDB, o PT, só conseguiu fazer seu candidato emplacar nos últimos dias de campanha. Padilha teve seu maior índice durante a apuração das urnas. O fraco desempenho de Padilha ajudou na reeleição de Geraldo Alckmin ainda no primeiro turno.

Durante toda a campanha petista existia o medo de que Padilha tivesse um desempenho pior que o ex-ministro José Dirceu em 1994, que ficou em terceiro lugar nas eleições, com 14,86% dos votos válidos. Até então, essa era marca negativa histórico da sigla no Estado. Naquele ano, Mário Covas (PSDB) foi eleito pela primeira vez e iniciou o ciclo vitorioso da sigla, que desde então está à frente do Palácio dos Bandeirantes.

Ao longo das últimas duas décadas, o PT não se configurou como uma força capaz de bater de frente com os tucanos no Estado.

Boca de urna deixava dúvida sobre segundo turno

Pesquisa boca de urna divulgada neste domingo (5) mostrava que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ia se reeleger no primeiro turno para o governo de São Paulo, com 52% dos votos válidos. No entanto, como os números estavam no limite da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, ainda havia chance da eleição ir para o segundo turno.

O levantamento também mostrava Alexandre Padilha (PT) com 20% dos votos válidos e Paulo Skaf (PMDB), 22%

Essa foi a primeira vez que Padilha apareceu na casa dos 20 pontos percentuais. Durante toda a campanha, Skaf foi o principal rival de Geraldo Alckmin. Padilha se manteve atrás, chegando aos 10% nas pesquisas somente nas últimos dias da corrida eleitoral.

Começo no interior paulista

Hoje com 61 anos, o paulista Alckmin nasceu em 7 de novembro de 1952. O tucano começou sua trajetória política como vereador em Pindamonhagaba, em 1973. Ele foi prefeito da cidade e depois elegeu-se deputado estadual (1982) e federal (1986, reeleito em 1990).

Depois de ser presidente estadual do PSDB, Alckmin foi convidado por Mário Covas, cacique tucano, para ser vice em sua chapa. Covas foi eleito e ficou no cargo até 2001, quando assumiu o governo pela primeira vez quando Covas deixou o cargo devido a um câncer. No mesmo ano, ele tentou a reeleição e ganhou. Alckmin ficou no governo até 2006, quando saiu para concorrer à Presidência da República, sendo derrotado pelo ex-presidente Lula (PT).

Alckmin voltou a comandar o Estado de São Paulo em 2001, após receber 11.519.314 votos, equivalente a 50,63% do total de votos válidos no primeiro turno e derrotar o atual ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

No atual mandato, problemas com a segurança pública

O atual governo de Alckmin foi marcado por críticas a gestão da segurança pública, com sua atuação sendo contestada até mesmo por policiais militares e civis. O número de roubos e assaltos aumentou no Estado.

Violento, o ano de 2012 foi marcado por uma guerra entre PCC e policiais e terminou com saldo de 4.836 pessoas assassinadas (15% a mais que no ano anterior). Deste total, 106 eram policiais. Neste ano, as críticas também se voltaram para a Polícia Militar. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, 323 pessoas foram mortas em confronto com a polícia – aumento de 40% em relação ao ano anterior. As mortes levaram o governador a demitir o secretário da pasta Antonio Ferreira Pinto e nomear o atual, o promotor licenciado Fernando Grella.

Acusações de truculência da Polícia Militar também tomaram conta dos noticiários durante as manifestações de junho de 2013, pela revogação da tarifas de transporte público. Em diversas ocasiões, policiais foram acusados de uso excessivo da força para conter os manifestantes. As jornadas de junho terminaram com a regovação do aumento das tarifas de R$ 3,20 para R$ 3. Apesar de a imagem dos prefeitos das principais capitais e de governos estaduais e federal terem sido afetadas, Alckmin passou ileso pelo episódio.

Torneira seca em SP

Alckmin também passou incólume por problemas de falta d’água e uma crise hídrica histórica, com baixos níveis dos reservatórios, que abastecem a Grande São Paulo. Repetidamente, Alckmin tem culpado a falta de chuvas pela crise. Para evitar o desabastecimento real, o governador autorizou obras que permitiram o uso da reserva técnica, o chamado volume morto do Sistema Cantareira.

Outra crise que marcou a gestão de Alckmin foram as denúncias de formação de cartel em concorrência para compras e reformas de trens do Metrô e da CPTM, praticadas a partir de 1995. A Polícia Federal indiciou 17 pessoas, entre elas o vereador tucano Andrea Matarazzo, que foi secretário Estadual de Energia. Pedidos para abertura diversas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a acusação nunca foram para frente, sendo barradas pela forte base aliada do governo na Assembleia Legislativa.

Fonte: IG

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