Mercado de trabalho permanece estável no trimestre, mas dá sinais de desaceleração

Data da postagem: 11/12/2014
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A taxa de desemprego no país se manteve estável em 6,8% na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

Apesar de ainda robusta, a geração de vagas apurada pelo levantamento – traduzida no aumento de 1,2% da população ocupada, no confronto com o mesmo período de 2013 – já mostra os sinais de desaceleração visíveis na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) desde o início do ano, avaliam economistas.

Nos três primeiros meses de 2014, a Pnad Contínua mostrou um volume de ocupados 2% maior do que o registrado no mesmo intervalo do ano passado. Na sequência, a alta desacelerou para 1,7% e, entre julho e setembro, para o patamar de 1,2% divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A população desempregada foi de 6,7 milhões de pessoas no período de julho a setembro deste ano, ante 6,8 milhões tanto no segundo trimestre quanto no terceiro trimestre do ano passado. Já quantidade de pessoas empregadas foi de 92,3 milhões, ante 92,1 milhões no período de abril a junho, e de 91,2 milhões no mesmo período em 2013.

“O mercado de trabalho desenhado pela Pnad Contínua segue forte, mas já é possível ver uma perda de fôlego”, pondera Bruno Campos, da LCA Consultores.

Na Pesquisa Mensal de Emprego, que deve ser substituída como indicador oficial pela Pnad Contínua a partir do próximo ano, a tendência é parecida, ainda que em patamar bastante inferior. De acordo com os cálculos da LCA, levando em consideração apenas a população com mais de 14 anos – a linha de corte da nova pesquisa – a ocupação não variou no primeiro trimestre, subiu 0,1% no segundo e recuou 0,5% no terceiro.

A Pnad Contínua também se diferencia da PME por atingir 3,5 mil municípios do país, enquanto a PME se refere apenas a seis grandes regiões metropolitanas.

Essa criação de emprego mais forte, para o economista, pode ser reflexo da amostragem das duas pesquisas. Na PME, que engloba as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre, a indústria tem um papel significativo na dinâmica do mercado de trabalho.

“Esse foi o primeiro setor a sentir no emprego os efeitos da perda de ritmo da atividade”, observa. Percorrendo cerca de 3,5 mil municípios, a Pnad Contínua, por sua vez, consegue captar, por exemplo, a geração de postos na zona rural, no segmento agropecuário.

Outro sinal de desaquecimento, para Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, é o comportamento da taxa de desemprego – também semelhante ao da PME. No terceiro trimestre, o indicador se manteve estável em 6,8% em comparação com o trimestre imediatamente anterior.

O patamar ainda é baixo, mas não repete a queda expressiva observada no terceiro trimestre de 2013, quando a taxa passou de 7,4% para 6,9%. A dinâmica, para ela, reforça a avaliação feita para a PME de que a taxa de desemprego deve subir ligeiramente em 2015.

Apesar das tendências parecidas, há ainda um descompasso entre as duas pesquisas, pontua Campos, da LCA. Na PME, a manutenção da taxa de desemprego em 4,9% no terceiro trimestre – novamente levando em conta a série com maiores de 14 anos – deu-se especialmente pela saída de pessoas do mercado de trabalho, já que a população economicamente ativa teve uma retração de 1% em relação ao mesmo período do ano passado. Na Pnad Contínua, ela ficou em 6,8% graças ao aumento de 1,2% da população ocupada.

O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, chama atenção para a deterioração na composição da abertura de vagas no terceiro trimestre. Pela primeira vez desde o início da série da Pnad Contínua, em 2012, houve retração do volume de trabalhadores com carteira assinada – de 0,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Como a pesquisa ainda não divulgou os dados por setor de atividade, ressalta, não é possível saber em quais segmentos houve mais demissões.

O emprego sem carteira também recuou 0,6% no terceiro trimestre, na mesma comparação. O trabalho por conta própria, na contramão, subiu 1,9%. A qualidade desse tipo de emprego – geralmente associado a uma maior precarização do mercado – só será definida, para Azeredo, quando forem conhecidos os dados de renda, também indisponíveis.

Fonte: Valor Econômico

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