Mulheres gráficas dizem não à terceirização e às Reformas de Temer

Data da postagem: 22/03/2017

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Mais de 200 trabalhadoras nas indústrias do ramo na capital paulista e na região de Barueri/Osasco se reuniram no evento pelo Dia da Mulher na Colônia de Férias da classe em Praia Grande. Na ocasião, conheceram a proposta do governo para alterar a Previdência e mudar direitos trabalhistas. Foi quando perceberam os males que essas mudanças poderão causar para a vida de cada uma e às suas famílias. A reação contrária foi geral. Descobriram e repudiaram ainda prejuízos que serão causados se outro projeto apoiado pelo Temer, a terceirização total do trabalho, for aprovado pelos deputados. Todas essas tentativas de mudanças podem ser votadas em breve. Foi aí quando avaliaram que tais políticas causarão também grande violência contra as mulheres. De imediato, elas rejeitaram essas e outras formas de violência de gênero.

“A terceirização total do trabalho só é bom para o patrão, que terá a mão de obra mais barata do que já é hoje. Isso porque não terão mais vínculo direto com a sua funcionária. Ficando livre da responsabilidade de pagar as férias e demais direitos e benefícios. Mesmos depois de demiti-las, ainda não terão qualquer responsabilidade de pagar os nossos direitos”, repudiou a trabalhadora há 25 anos do Valor Gráfico, Luzinir Xavieir.

Luzinir e as participantes criticaram também a reforma trabalhista porque deixará o patrão negociar direitos abaixo dos definidos pela Convenção Coletiva de Trabalho. “Não podemos aceitar a aprovação do negociado sobre o legislado. Isso é uma forma mascarada que o governo criou para tirar nossos direitos sem notarmos”, reclamou Ana, empregada do ramo na capital há muitos anos, inconformada com tal maneira de tentar burlar os direitos das trabalhadoras que serão todas lesadas se não reagirem.

Há 26 anos no ramo gráfico em Barueri/Osasco, a trabalhadora Janaína, que inclusive é dirigente sindical da categoria, chamou atenção para as mazelas da reforma previdenciária, que considera tão nociva quanto o projeto de terceirização total e a reforma trabalhista. Dentre os males da radical proposta de mudança no sistema previdenciário, ela preocupa-se com o objetivo para elevar e igualar aos homens o tempo de contribuição das mulheres ao INSS para conseguir receber a sua justa aposentadoria.

A reforma eleva de 30 para 49 anos. São quase 20 anos após contribuir os 30 anos. “A maioria não conseguirá. Poucos ficarão empregados após três décadas de serviço, sobretudo se demitidas para arrumar um novo”, lembra a sindicalista, defendendo que é inadmissível tamanha violência. Marta Mendes, gráfica há 7 anos, concorda e também fez questão de se colocar contra este absurdo que, segundo ela o governo desconsidera a dupla/tripla jornada de trabalho das mulheres. “Além de batalhar para trazer o sustento para dentro de casa, incorporando com a renda do marido, nós, mulheres, também cuidados da casa e da família”, lembra.

Estes e outros prejuízos com as reformas previdenciária e trabalhista e mais a terceirização total foram apresentados pelo palestrante do evento, Sérgio Leite, diretor da Força Sindical e presidente da Federação dos Químicos do Estado de São Paulo. O sindicalista, ao lado do presidente da Federação Estadual dos Gráficos (Ftigesp), Leonardo Del Roy, disse que a sua central sindical e outras estarão apresentando e exigindo dos deputados alterações nas reformas através de emendas parlamentares.

A relevância da maior presença feminina na organização e luta sindical contra tudo isso foi destacado no evento, inclusive as mulheres gráficas foram ao delírio ao saber que pela 1ª vez uma mulher ocupará o posto de vice-presidente da Confederação Nacional dos Gráficos. Elisângela de Oliveira, secretária-geral do Sindicato dos Gráficos de São Paulo vai assumir a tarefa. Este e outros pontos de empoderamentos da mulher dentro da categoria, que passa pela sindicalização, foi destacado pela palestrante presente no evento, Maria Auxiliadora, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores no ramo de Brinquedo. A mulher precisa se fortalecer para combater as irregularidades e contra qualquer violência, seja laboral ou dentro do lar, como ressaltou a integrante do Conselho Estadual da Condição Feminina, Eliana Falque, apresentando estatísticas de crimes.

Neste espírito em busca do empoderamento e participação sindical das mulheres gráficas, o Sindicato dos Trabalhadores da  Baixada Santista, presente no evento em Praia Grande, promoveu antes um encontro com as trabalhadoras da sua região na sexta (10). Todas também rejeitaram as reformas do Temer e a terceirização total. A ação foi conduzida pela dirigente do STIG Santos, Sueli Reis, que é representante brasileira do setor gráfico no Comitê Regional da UNI Sindicato Global nas Américas.

Fonte: Ftigesp

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