Participação de mulheres no mercado de trabalho industrial cresce 14,3% em 20 anos

Data da postagem: 21/11/2016

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A participação feminina nas empresas industriais cresceu 14,3% em 20 anos, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Enquanto em 1995 elas ocupavam 22,5% dos postos formais do setor, em 2015, esse percentual foi de 25,8%. Os segmentos com maior crescimento de mulheres empregadas no período são mineração (65,8%), material de transporte (60,8%), alimentos e bebidas (49,3%), madeira e mobiliário (39,3%), indústria mecânica (37,3%) e papel e gráfico (24,7%).

No mercado de trabalho em geral, em 20 anos, a participação de mulheres cresceu 17%: de 37,4% dos postos de trabalho em 1995 para 43,7% em 2015. De acordo com o diretor de operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal, algumas atividades industriais ainda inibem a presença feminina por exigir requisitos como força física. “À medida que os processos produtivos vão se automatizando, menos a força física é preciso, o que propicia o aumento das mulheres trabalhadoras na indústria”, destaca Leal.

Essa tendência é constatada em ocupações predominantemente masculinas, como na construção civil e na metalmecânica. No período pesquisado, a proporção de postos de trabalho ocupados por mulheres apresentou alta de 39,9% na metalurgia, de 37,3% na indústria mecânica e de 31,1% na construção civil.

QUEBRANDO BARREIRAS – Para a vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), Paula Frota, a dedicação, a organização e a atenção aos detalhes são os grandes diferenciais femininos nos canteiros de obras, que têm levado ao aumento na procura por trabalhadoras. “Um grande desafio para elas hoje é exercer papel de liderança e gestão, principalmente por ser um ambiente ainda predominantemente masculino”, destaca a dirigente.

No início da carreira, há dois anos, a brasiliense Jessyka Rocha sentiu na pele esse desafio de assumir o papel de gestão em uma construtora. Enfrentou preconceito ao ter de supervisionar o trabalho de uma equipe de 20 pessoas, sendo 16 homens. “Isso me obrigou a buscar mais conhecimento do trabalho para ganhar o respeito e a credibilidade do time, além de desenvolver habilidades de relacionamento para delegar tarefas e me impor como gestora”, conta Jessyka, que hoje faz curso de mestre de obras no SENAI de Taguatinga (DF).

CURSOS TÉCNICOS – O interesse das mulheres por ocupações industriais também tem crescido. Prova disso é o aumento significativo da procura delas por formação na área. De 2006 a 2015, a participação de mulheres em cursos técnicos do SENAI teve um crescimento de 65%. No início da série histórica, a parcela das mulheres que fazia cursos na instituição era de 20%. No ano passado, foi de 33%.

Entre as áreas de cursos com mais proporção de mulheres em relação a homens estão têxtil e vestuário, com 83% de mulheres matriculadas em 2015. Setores com elevada participação de alunas são alimentos e bebidas (63%), couro e calçados (56%), química (50%) e gemologia e joalheria (49%).

Segundo Leal, essa alta significativa do ingresso de mulheres em cursos técnicos industriais é fruto de diversas vantagens que o segmento oferta aos trabalhadores, como melhores salários e maior qualificação técnica. Ele destaca que a procura por cursos do SENAI deve crescer nos próximos anos, sobretudo porque o Brasil terá de qualificar 13 milhões de trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico e de qualificação entre 2017 e 2020.

“Entre as áreas que mais demandarão a formação profissional serão construção, meio ambiente e produção, metalmecânica, alimentos, vestuário e calçados, tecnologias da informação e comunicação e energia”, informa Leal, citando dados do Mapa do Trabalho Industrial 2017-2020, elaborado pelo SENAI.

OPORTUNIDADE PROFISSIONAL – O boom na indústria da construção na última década fez com que profissionais se interessassem por uma qualificação em ocupações do setor. É o caso da paraense Carla da Silva Miranda, de 37 anos, que até 2011 era apenas dona de casa. Mas quando viu muitas obras surgindo no Pará e salários atrativos, resolveu fazer cursos técnicos de instalação hidráulica e de técnicas de construção a seco (dry wall) no SENAI.

Já no mercado de trabalho, resolveu se especializar em desenhos arquitetônicos, buscando um curso de educação a distância também do SENAI. “Hoje trabalho em casa, cuidando da minha família e filhos, fazendo desenhos arquitetônicos para obras e ganho, em média, R$ 500 por projeto, que levam três dias para ficarem prontos”, comemora.

COMPETIDORAS NA OC 2016 – Dos 1.200 competidores da Olimpíada do Conhecimento 2016 – torneio de educação profissional realizado pelo SENAI, em Brasília, de 10 a 13 de novembro –, 35% são mulheres. Algumas delas são as primeiras colocadas em seus estados em ocupações predominantemente masculinas, como a técnica em eletrotécnica Mylena Viviane de Oliveira Araújo, de 16 anos, do Rio Grande do Norte.

Ela, que vai disputar na OC 2016 no desafio individual em sua ocupação, se interessou pela área pelo forte crescimento do mercado de trabalho há alguns anos. Filha de pai taxista e mãe dona de casa, depois de concluir o curso, em novembro deste ano, Mylena pretende buscar uma vaga de emprego para ajudar a família. “Também sonho em cursar graduação em Engenharia Mecânica”, conta.

Fonte: Portal da Indústria

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