Pesquisa mostra que 71,3% dos brasileiros têm receio de perder ocupação no mercado

Data da postagem: 3/07/2013

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O brasileiro está com mais receio de perder o emprego. Esse comportamento afeta a maneira como ele consome, investe, busca oportunidades e até em como vê o futuro.

O aumento do temor foi identificado na Pesquisa Termômetros da Sociedade Brasileira de junho, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o índice de Medo do Desemprego, houve alta de 3,3% (2,3 pontos percentuais) de um mês para outro: em março estava em 69% e passou a 71,3% em junho.

Os dados refletem diretamente em frentes como consumo, finanças e mercado de trabalho, segundo Marcelo Azevedo, economista da CNI. O levantamento é baseado em dados apurados entre março e junho, período em que o desemprego fechou em torno de 5,8%, segundo o IBGE.

“Se você está mais inseguro em relação à ocupação, corta gastos e até aumenta sua poupança. Tudo isso seria mais prudente, mas o histórico do brasileiro mostra que ele acaba gastando mais”, analisa o especialista da CNI.

Azevedo também explica que o medo do desemprego, eme tese, pode fazer com que o brasileiro mude a carreira, se reposicionando no mercado.
Raio-X do medo

Para criar o indicador, a confederação usou a média fixa de 100 pontos. Os dados do último mês revelam, por exemplo, que homens são mais receosos (72,4 pontos) do que mulheres (70,2) quanto à perda da ocupação. Além disso, o trabalhador com Ensino Superior é aquele mais preocupado (77,3), disparado na frente de quem tem 5ª a 8ª serie do Fundamental (69,5).

Quem tem de 25 a 29 anos (72,7 pontos), por sua vez, é mais preocupado com esse risco em relação aos que têm menos de 24 (70,5) e mais de 30 anos (70,6) e mais de 40 (71,9). Segundo Marcelo Azevedo, a geração com idade entre 25 e 29 anos é a que mostra mais receios por conta da carga de responsabilidade que começa a ter com a casa e família.

Marcos Rangel tem 25 anos e mostra preocupação. Maestro de orquestras de um projeto social em Campos, Norte Fluminense, por lá, conseguiu se encontrar. No entanto, percebe medo permanente de desemprego entre os músicos que trabalham com ele. “O mercado é restrito, e se você não investe em formação vai ter pouco retorno financeiro ou até nenhum”, diz.

Além da pesquisa

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se limita a investigar se o brasileiro tem medo do desemprego, mas não aprofunda nos motivos. Porém, Fabrício Barbirato, diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos, explica que isso é determinado por uma série de fatores.”Uma pressão grande por resultado, movimentação de grandes empresas, avanço da tecnologia e mercados que não estão sólidos”, detalha Barbirato.

Finanças abaladas
O medo do desemprego estremece as finanças do trabalhador. Luiz Kremprel, planejador financeiro do Guia Bolso, detalha: “Com medo, ele corta gastos e baixa a qualidade de vida. A possibilidade de investir, no fim, acaba nem, existindo”.

Para os preocupados…
”Vigie gastos com supérfluos, invista 20% dos rendimentos em aplicação de renda fixa e tenha uma atividade extra”, sugere Luiz Felizardo, diretor na Cobrat Gestão de Ativos.

TOME NOTA
69,4 – Pontos do Sudeste, região menos preocupada com o desemprego. Centro-Oeste e Norte registraram 78 pontos.
103,5 – Pontos de satisfação com a vida de quem hanha um salário mínimo. Quem recebe mais de dez ficou com 101,2.
2.002 – Número de pessoas, em 143 municípios, entrevistadas para compor a pesquisa de junho de 2013 da CNI.

Satisfação com a vida em queda

O prazer do brasileiro caiu à medida em que o medo do desemprego aumentou e isso está evidente nos dados do Índice de Satisfação com a Vida, também feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em março, o indicador estava em 104,5 pontos e em julho, recuou para 102,9.
De acordo com os dados, o índice encontra-se 1,25% abaixo do registrado em junho de 2012.
Um dos fatores que mexe com a satisfação do brasileiro com a vida é a carteira assinada, segundo Marcelo Azevedo, da CNI. ”O primeiro movimento de quem tem medo do desemprego é recorrer ao mercado formal, que proporciona uma segurança maior. Estável, e com benefícios, ele fica satisfeito”, diz.

Fonte: Relações do Trabalho – Publicado em 03/07/2013

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