Salve 7 de Fevereiro - Dia Nacional do Trabalhador Gráfico

Data da postagem: 7/02/2011


Neste dia 7 de Fevereiro, revivemos as memoráveis jornadas de luta dos Trabalhadores Gráficos que além de reivindicarem melhorias de condições de trabalho, lutavam por algo muito importante que era o reconhecimento da UTG – União dos Trabalhadores Gráficos como entidade que legalmente representasse todos os Trabalhadores Gráficos, já que na época só os patrões é que detinham sua representação através da Associação Comercial.

A batalha pelo reconhecimento de nossa entidade e a intransigência patronal obrigou os trabalhadores gráficos a usarem a greve como única alternativa e como não poderia deixar de ser a mesma contou com enormes perseguições de repressão policial organizada pelas empresas, com invasão do depósito e a total destruição dos alimentos que eram utilizados como fundo de greve e para a sobrevivência de nossos companheiros.

Durante toda paralisação os trabalhadores enfrentaram todo tipo de perseguições e após a destruição dos alimentos se moveram de brio e criaram um slogan pela resistência que dizia: “SE NECESSÁRIO COMEREMOS TERRA”.

Esta greve durou oficialmente quarenta e dois dias, sendo que os gráficos não abriram mão, em momento algum, de suas reivindicações. Os industriais, ao concordarem com o “memorial” em sua totalidade, estariam, em última instância, reconhecendo que os trabalhadores têm o direito político de associação e de reunião. A partir da vitória do movimento grevista de 1923, o dia 7 de fevereiro é escolhido como o “Dia do Trabalhador Gráfico”.

Nos anos subsequentes essa data foi comemorada com comícios e reuniões na sede da U.T.G., e atualmente em nossas entidades, quando relembram os acontecimentos relativos à greve de 1923, com a ausência ao trabalho de toda a Categoria.

Mais tarde vieram outras lutas e conquistas do 13° Salário, a Aposentadoria Especial, etc. Tudo fruto da luta dos trabalhadores por suas reivindicações e, portanto, permanentes. Todo o exemplo que nos foi e é transmitido pelas gerações anteriores deve ser capitalizado. Hoje cultuamos os feitos dos companheiros de 1923, sem entretanto, olvidarmos os gráficos que lideraram a greve geral de 1929 e que foram recolhidos presos na Bastilha do Cambuci, sofrendo as agruras do cárcere, esse episódio faz parte também da nossa História.

A nossa história remonta ao século passado, apesar de já nessa época demonstrarem os gráficos o seu inconformismo com o desmando dos chefes e diretores da Casa Real, da Casa Imperial e da Imprensa Nacional. Entre os tipógrafos um existiu que marcou seu nome na História do Brasil, tal a fama obtida com seu trabalho: Machado de Assis. Para nós, a abordagem da citação dos primeiros gráficos não passa por quem exercia a atividade como diletantes e sim pelos que de fato trabalhavam profissionalmente como gráficos. Estes tinham, além do conhecimento da arte que trouxeram de seus países de origem, como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, etc., a ideologia que serviu de semente para a organização dos trabalhadores na busca das conquistas operárias, iguais às existentes na Europa.

A luta pela organização dos trabalhadores sempre foi difícil, o que não é novidade. A surpresa será para quem acha que tudo o que temos hoje como garantias nos foi dado por mera concessão dos patrões ou dos Governos. Ledo engano, pelo menos para o caso dos gráficos. A busca da organização e unidade de nossa Categoria vem realmente do século dezenove, quando já existiam as Associações de Artes Gráficas, o Centro Tipográfico Paulistano, o Grêmio dos Linotypistas e Anexos de São Paulo e a União dos Trabalhadores Gráficos, sendo que esta foi tentada por diversas vezes.
Somos também herdeiros e responsáveis pela continuidade dessas lutas de uma das maiores tradições dos embates sindicais, desde os mártires de Chicago dentre eles estavam vários companheiros gráficos, pela luta da jornada de 8 horas que deu lugar ao 1º de Maio, tendo também como presença nos primeiros movimentos grevistas e as batalhas a partir de 1917, pela UTG, e culminando com a vitória de 7 de Fevereiro de 1923.

Esta trajetória dos gráficos remonta também desde que Gutenberg que implantou o tipo de letra móvel e se estende até os dias de hoje com uma tecnologia que de um lado nos sacrifica em muito os nossos postos de trabalho, mas de outro nos cria novas oportunidades e nos oferece uma melhor condição técnica, associando a nossa experiência prática e criatividade adquirida no processo convencional das artes gráficas, ensejando com isto uma maior e melhor qualidade do trabalho.

A partir destas conquistas e consequências que as lutas se sucederam ao longo do tempo com prisões, mortes, intervenções em sindicatos e todos os enfrentamentos durante a ditadura militar.
Por outro lado os dias de hoje nos coloca em um grande desafio, ou seja, lutar para a garantia, permanência e sobrevivência de nossa Confederação, Federações e Sindicatos e isto passa necessariamente com a manutenção do Processo de Negociação Coletiva e pelas negociações por meio de Acordos Coletivos acima e nunca abaixo de nossa Convenção Coletiva de Trabalho.

Temos consciência que o mundo mudou e cada vez mais os sindicatos também terão que mudar e o temos que fazer com arrojo, determinação, e acima de tudo com ousadia, neste sentido o processo coletivo tem que ser a tônica de nossas ações, e os processos de fusões tem que ser exercitados, do ponto de vista da categoria, dos meios de comunicações e dentro do processo da UNI Sindicato Global, as discussões com outros setores, como dos papéis, comerciários, bancários, telefônicos, eletricitários entre muitos outros.

Requer também de nossa parte vigilância constante quanto as tentativas de flexibilizar nossos direitos, e não concordamos que se permitiria que o negociado possa alterar o legislado, que colocaria o trabalhador num processo de negociação direto com os patrões sem nenhum poder de negociação, pois não nos iludamos com esta pretensa ideia que temos o poder de enfrentar diretamente as empresas que detêm o poder do emprego, bastando para isto verificar o atual quadro de rotatividade de mão-de-obra “turn low”.

Mas, as perspectivas de lutas são enormes e as nossas responsabilidades aumentam cada vez mais para a garantia e a sustentação daquelas conquistas herdadas pelo processo de lutas de nossos antigos companheiros gráficos.

Lutamos ainda contra todas as tentativas de descaracterização do nosso trabalho coletivo de negociação por meio das famosas fraudes de terceirizações das cooperativas de trabalho e do malfadado banco de horas.

Em 1993 iniciamos a nossa organização a nível nacional por meio da CONATIG – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas. No cenário Internacional estamos inseridos ativamente nas discussões do Diálogo Social na América Latina junto a CONLATINGRAF, de UNI Américas e da UNI Sindicato Global, onde já foram concluídos alguns “Acordos Globais”, no campo das Empresas Multinacionais Gráficas que a par de nos proporcionar trabalho nos mantém um custo social muito grande com jornadas e ritmos de trabalhos insustentáveis, e da total precariedade do processo produtivo e de uma falta de respeito as instituições e ações sindicais.

Os gráficos sempre exerceram um papel central para manter nossas tradições por uma efetiva Ação Sindical e este tem que ser nosso compromisso de estarmos sempre na vanguarda de ações contrárias a toda e qualquer tentativa de mudanças que coloque em risco ou promova qualquer retirada de nossos direitos.

Somos herdeiros de um passado de glórias e temos por obrigação e o faremos com o melhor de nossos esforços para manter tudo o que foi conquistado e o nosso trabalho será o de ampliar e não de reduzir os nossos direitos.
Os gráficos de todo o Brasil estão engajados na luta pela Redução da Jornada de Trabalho para as 40 Horas Semanais, por Trabalho Decente, pelo impedimento das Terceirizações nas atividades fins, pela volta de nossas condições da Aposentadoria Especial pelo fim do Fator Previdenciário, pelas garantias de nossos Dirigentes Sindicais entre muitas outras Ações Sindicais.

A Unidade da Categoria Gráfica em torno da CONATIG, tem que ser uma constante para o fortalecimento dos nossos Sindicatos e Federações a nível Nacional para podermos enfrentar o enorme desafio de combater a pressão dos Sindicatos Patronais que a todo custo promovem situações e ações antissíndicas para impedir a presença de nossos Sindicatos a nível Nacional.

Este é realmente um marco importante em nossa história, e nestes longos anos de nossa existência podemos dizer com toda a tranquilidade em nome de todos os nossos dirigentes que valeu a pena brigar pelos nossos direitos e pelos Companheiros Gráficos.

Os gráficos estarão sempre na trincheira de luta, contra qualquer forma e tentativa que coloquem em
risco as nossas conquistas.

Viva a classe trabalhadora.
Viva o dia 7 de Fevereiro, Dia Nacional dos Trabalhadores Gráficos.
Parabéns a todos.

São os votos da diretoria do Sindigráficos

Texto original : FTIGESP- Federação dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, da Comunicação Gráfica e dos Serviços Gráficos do Estado de São Paulo

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