Um colega ou funcionário está de luto por morte na família? Saiba como agir

Data da postagem: 9/12/2014

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Ninguém fica imune à morte de uma pessoa próxima, como um familiar. Os meses seguintes são marcados por profundas alterações no humor e comportamento. Inclusive no trabalho.

“Uma perda significativa impacta a forma como a pessoa se relaciona com o ambiente”, afirma Teresa Gama, diretora da Projeto RH. “É como se passasse temporariamente por certa desorganização. Ela pode ficar suscetível a erros, enganos, desconcentração e perda de foco.”

Alguns voltam-se totalmente para a vida profissional, sem descanso e próximos do limite, como forma de superar o momento difícil.

Esse comportamento não é o ideal, nem para a pessoa, nem para a empresa, porque pode gerar problemas no futuro, como doenças e depressão, afirma a psicóloga Luciana Mazorra, uma das fundadoras do instituto de psicologia Quatro Estações, especializado em luto.

Os sintomas de cada pessoa no período após a morte variam. Ela pode mostrar tristeza, menos motivação para o trabalho, desânimo, dificuldade de concentração, alteração no apetite, problemas no sono, isolamento e irritabilidade. Gestores e colegas têm um papel fundamental para ajudar a superar.

Primeiro ano após a perda é o mais difícil

Luciana Mazorra afirma que não há um período determinado para a recuperação, mas o primeiro ano costuma ser mais difícil. “A pessoa vai viver pela primeira vez as datas sem o ente que morreu, como aniversário, Natal ou Dia das Mães”, afirma. “Mas isso não quer dizer que depois de um ano o luto acabou”.

O trabalho exerce um papel fundamental nesse momento, porque a pessoa pode mudar o foco e se sentir mais capaz de enfrentar o que está vivendo emocionalmente.

O que fazer quando um funcionário está de luto
  • Conhecer o luto
    Luciana Mazorra diz que os gestores devem conhecer e estudar o que é luto e como ele se manifesta, para entender o processo, saber o que esperar de mudanças de comportamento e identificar possíveis sintomas
  • Funeral
    O gestor deve respeitar a privacidade do funcionário, perguntando se a cerimônia pode ser divulgada e se ele gostaria que os colegas fossem. Caso a resposta seja positiva, a presença pode ser um suporte importante. “Isso vale mais em caso de perdas significativas, como de um familiar próximo”, afirma Luciana Mazorra
  • Retorno ao trabalho
    Não finja que nada aconteceu. Colegas e chefes têm de mostrar solidariedade para que a pessoa se sinta acolhida. Segundo Teresa Gama, também é necessário respeitar o momento de tristeza. Abordar com um discurso muito positivo, do estilo “bola pra frente, que vai passar”, não é bom
  • Conversa com o chefe
    Os gestores têm de passar com clareza que entendem o momento difícil e respeitam o período em que o funcionário pode não estar tão produtivo. “É comum o profissional ter fantasias de que o luto é um sinal de fraqueza e perderá chances profissionais por isso”, diz Teresa Gama. “O apoio dos superiores é fundamental”
  • Conversa com colegas
    A pessoa é que vai demonstrar o quanto está aberta para conversar sobre o assunto e com quem quer falar, diz Luciana Mazorra. Os colegas têm de se mostrar abertos. “É importante que ele sinta que pode contar com todos”
  • Oferecer ajuda
    Colegas também podem se oferecer para assumir tarefas práticas de trabalho que são de responsabilidade daquele que está de luto. “Solidariedade não é só falar, também é fazer”, diz Luciana Mazzorra
  • Tratamento
    Caso o gestor perceba que o período de luto está além do normal ou que os sintomas estão intensos, pode conversar com o funcionário e com o RH, para que ele seja encaminhado para o acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra, dependendo do caso. “Mas isso não quer dizer, necessariamente, que ele precise ser afastado do trabalho”, afirma Luciana Mazorra
Fonte: Luciana Mazorra, do instituto Quatro Estações, e Teresa Gama, da Projeto RH

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