Zika: OMS declara emergência internacional por microcefalia

Data da postagem: 2/02/2016

zika

O avanço da microcefalia ligada ao zika vírus nas Américas foi considerado uma emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após reunião em Genebra nesta segunda-feira.

Para chegar à conclusão, os especialistas discutiram vários aspectos relacionados ao risco da proliferação da doença e as respostas possíveis. Ao decretar situação de “emergência de saúde pública de interesse internacional” para os casos de má-formação e de disfunções neurológicas, a organização espera facilitar a mobilização de dinheiro, recursos e conhecimento científico para o combate à doença.

Isso ajudaria a custear pesquisas para desvendar mais detalhadamente a relação entre o vírus e os casos de bebês nascidos com microcefalia.

A organização ressaltou que a decisão de decretar emergência ocorre por causa dos casos de microcefalia e outras disfunções neurológicas, não somente pelo zika vírus em si.

“O Comitê recomendou que o atual agrupamento de casos de microcefalia e de outras disfunções neurológicas reportados no Brasil, seguido de um agrupamento similar na Polinésia Francesa em 2014, constituem uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, (PHEIC, Public Health Emergency of International Concern)”, afirmava o comunicado.

“Uma resposta coordenada é necessária para minimizar a ameaça em países afetados e reduzir o risco de maior disseminação internacional.”

Os países onde foi observada rápida dispersão da doença adotarão recomendações padrão de vigilância e diagnóstico. Dados nacionais serão repassados à OMS, para que a comunidade internacional consiga ter uma compreensão clara da extensão do surto global.

A reunião ocorreu em meio ao anúncio de que agentes de vigilância sanitária brasileiros terão permissão para entrar em imóveis abandonados que apresentem possíveis focos de água parada, local de reprodução do mosquito vetor da doença, o Aedes aegypti.

Dentro do grupo de 20 representantes na OMS estava o brasileiro Dr Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas no Pará.

A reunião desta segunda-feira foi decorrência de um painel realizado na semana passada durante o encontro executivo dos representantes nacionais. Na ocasião, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, classificou como “alarmante” a velocidade com que o vírus está se espalhando no mundo.

De acordo com números apresentados na ocasião, a doença seguirá se alastrando rapidamente pelo continente e poderá afetar até 4 milhões de pessoas somente neste ano, com até 1,5 milhão de vítimas no Brasil.

Diversos assuntos nortearam a agenda do encontro: a relação (ainda sendo investigada) entre o vírus e os casos de microcefalia; o risco de dispersão internacional do vírus; a falta de imunidade ao vírus nas populações; a ausência de vacinas e de um diagnósticos imediatos e o risco para viajantes.

Resposta coordenada

“Há duas recomendações principais. É preciso haver vigilância para microcefalia e outros distúrbios neurológicos de forma padronizada, particularmente em áreas onde a transmissão do vírus zika está ocorrendo. E ao mesmo tempo precisa haver pesquisa intensa por novos agrupamentos de casos de microcefalia e distúrbios neurológicos, para determinar por meio de de estudo de casos se há uma ligação de causa com o vírus zika e outros fatores”, disse o médico Bruce Aylward, diretor-executivo da OMS.

De acordo com números divulgados nesta segunda-feira, cerca de 25 países já registram casos de zika. Somente o Brasil e as ilhas da Polinésia Francesa, entretanto, possuem atualmente dados comprovando o aumento de más-formações em recém-nascidos.

“Tivemos casos agrupados de Guillan-Barré na Polinésia Francesa, um ano depois vimos microcefalia no Brasil e a questão é que isso está se espalhando e vai se espalhar mais ainda. Obviamente que a potencial associação com o vírus zika é parte dessa preocupação” , concluiu Aylward.

Na sexta-feira, o Comitê Olímpico Internacional, COI, emitiu uma nota aos comitês nacionais explicando as medidas tomadas para garantir que os jogos do Rio ocorrerão livre de zika e reafirmando que acompanha a situação junto à OMS e o governo brasileiro.

“Um plano já foi organizado para os locais dos jogos”. Os locais “serão inspecionados diariamente para garantir que poças de água parada – onde os mosquitos se reproduzem – sejam removidas, minimizando assim o risco de que atletas e visitantes entrem em contato com os mosquitos”.

Procurado pela reportagem na quinta-feira, o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, disse que a zika não representava uma ameaça aos jogos “neste momento” e reforçou que o encontro emergencial serviria justamente para costurar uma posição global única a esse respeito, visto que a emissão de alertas tem sérios impactos econômicos nas nações afetadas.

Fonte: BBC

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